Prisão de ventre / obstipação
Também chamada de prisão de ventre, intestino preso ou intestino “preguiçoso”, a obstipação é uma condição comum que afeta pessoas de todas as idades. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, caracteriza-se por uma dificuldade persistente em evacuar, que requer um grande esforço e ocorre menos do que três vezes por semana.
Habitualmente a prisão de ventre ou obstipação intestinal refere-se a dejeções pouco frequentes, mas também pode ser uma diminuição no volume ou peso das fezes, uma dificuldade em evacuar, com necessidade de fazer força para esvaziar completamente o reto (por exemplo, provocada pela existência de fezes duras, secas ou grossas) ou, ainda, pela necessidade do uso de clisteres, supositórios ou outros laxantes para manter a regularidade do trânsito intestinal.
A prisão de ventre, intestino preso ou obstipação intestinal podem definir-se através dos seguintes indicadores:
• defecar menos de 3 vezes por semana;
• esforço durante mais de 25% das defecações, fezes duras pelo menos 25% do tempo;
• sensação de evacuação incompleta pelo menos 25% das vezes;
• defecação demorando regularmente mais de 10 minutos.
A prisão de ventre, intestino preso ou obstipação intestinal pode ocorrer em bebés, crianças e adultos. Estima-se que cerca de um em cada sete adultos e até uma em cada três crianças possa vir a ter prisão de ventre, intestino preso ou obstipação.
A condição afeta duas vezes mais mulheres do que homens e também é mais comum em idosos e durante a gravidez.
Sinais e sintomas de obstipação
- Fezes duras e secas;
- Dor, inchaço abdominal e flatulência;
- Náuseas e vómitos;
- Sensação de evacuação incompleta;
- Mal-estar, desconforto abdominal e/ou dor com a defecação.
Tipos de obstipação
A maioria dos casos de obstipação é temporária e sem gravidade, mas também há casos de pessoas afetadas durante longos períodos de tempo. Há duas tipologias de prisão de ventre:
- Aguda, que ocorre repentinamente, muitas vezes como reação a uma alteração na alimentação, estilo de vida, stresse ou alteração hormonal, como o início do período menstrual. Na maioria das vezes, é uma situação transitória, resolvendo-se após alguns dias.
- Crónica, quando é persistente e possa requerer acompanhamento médico, pois causa dor significativa, mal-estar e implicações importantes na qualidade de vida. Pode ser responsável pelo surgimento de hemorroidas, complicações do trato urinário ou provocar obstrução do intestino grosso por uma massa de fezes duras (fecaloma) que não se consegue expelir. Nestes casos, é necessário tratamento urgente.
Deverá consultar o seu médico se os sintomas de obstipação persistirem por mais de três semanas. A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia aconselha também a procurar ajuda médica se:
- Tiver perdas de sangue pelo intestino ou anemia;
- Se perder peso repentinamente;
- Ou se a obstipação se agravou sem causa aparente.
Causas da obstipação
Nem sempre é fácil identificar a causa exata da obstipação, mas á vários fatores que podem contribuir para a sua ocorrência:
- ingestão insuficiente de fibras, como frutas, legumes e cereais;
- ingestão insuficiente de líquidos;
- uma mudança na rotina ou estilo de vida, como uma mudança nos hábitos alimentares;
- estilo de vida sedentário / falta de exercício;
- falta de privacidade para usar a casa de banho;
- ignorar repetidamente desejo de defecar;
- efeitos secundários de certos medicamentos;
- uso abusivo de laxantes;
- ansiedade, stress ou depressão;
- gravidez – cerca de duas em cada cinco mulheres experimentam obstipação durante a gravidez, principalmente durante as fases iniciais da gestação;
- doenças que afetam o aparelho digestivo | Síndrome do cólon irritável, doença de Crohn, cancro colorretal;
- doenças metabólicas | Hipotiroidismo, diabetes, insuficiência renal;
- doenças neurológicas | Doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesões da espinhal medula.
Alimentos a evitar
Há alimentos que causam obstipação e que se devem evitar:
- alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, bolos, doces, bolachas, chocolates;
- alimentos ricos em gorduras, como fritos;
- alimentação do tipo ”fast food”;
- carnes processadas, como enchidos;
- banana.
Escala de Bristol ou Escala de fezes de Bristol
É uma escala médica destinada a classificar a forma das fezes humanas em sete categorias, e tem como objetivo verificar a saúde intestinal por meio da análise da forma e da textura dos excrementos expelidos. A forma e a consistência das fezes dependem do tempo de permanência do mesmo no cólon.
Os sete tipos de fezes são:
1. Caroços duros e separados, como nozes (difícil de passar)
2. Forma de salsicha, mas granuloso
3. Como uma salsicha, mas com fissuras em sua superfície
4. Como uma salsicha ou serpente, suave e macio
5. Bolhas suaves com bordas nítidas (que passa facilmente)
6. Peças fofas com bordas em pedaços
7. Aquoso, sem partes sólidas, inteiramente líquido Os tipos 1 e 2 indicam obstipação.
Os tipos 3 e 4 são consideradas ótimas, uma vez que estas são mais fáceis de passar na defecação. Os tipos 5, 6 e 7 estão associados com tendência de aumento de diarreia ou de urgência.